As Monitor Audio são algumas das colunas mais populares do mundo com imensos fieis seguidores e também muitos haters. Ainda que gostos não se discutem e que não existem colunas que agradam a todos, sempre atribuí pelo menos grande parte do descontentamento que algumas pessoas tinham pela Monitor Audio à falta de amplificação à altura. Ainda hoje se verifica esse fenómeno com a prevalência de amplificadores/receivers multicanal para cinema “anémicos” para colunas cujo potencial é largamente superior a eles, mas talvez essa seja uma conversa para outro dia.
Desde os tempos de Mo Iqbal com as revolucionárias Monitor Audio Studio algumas pessoas tiveram a oportunidade de conhecer o que aquelas colunas conseguiam oferece mas outras lamentavam-se da sua estridéncia. Na minha opinião, começando pelos leitores de CD, a eletrónica simplesmente não estava à altura dos exigentes padrões dos audiófilos. Felizmente ela tem evoluído imenso ao longo dos anos, no que diz respeito aos leitores de CD e principalmente ao nível de streaming de fornecedores de serviço de música como o Spotify e especialmente do Tidal e qobuz. Longe vão os tempos da famosa “digitalite estridente”. Por essa razão, felizmente, a Monitor Audio tem vindo a inverter a sua tendência para suavizar as suas colunas, pois já não existe essa necessidade. A nova geração (7G) da linha Silver permite-nos ouvir mais os músicos e a sua música do que nunca. Alguém um dia disse uma frase com a qual concordo: Life is too short for boring hifi.. Quando quero ouvir música suave e relaxante, escolho um álbum com essas características. Se quiser ouvir música que me faça arrepiar os cabelos na nuca quero ter a possibilidade o fazer, através de um sistema que não suavize toda a música que lhe forneço.
Os amplificadores também têm evoluído imenso. Muito saudosistas terão opinião contrária e é verdade que ainda existem muitos amplificadores antigos superiores a amplificadores recentes. A grande questão é o custo. Esses amplificadores antigos que ainda são atuais eram caríssimos há 30+ anos atrás, apenas acessíveis à classe alta da sociedade. Atualmente, é possível construir sistemas de alta fidelidade de enorme qualidade acessíveis à maior parte das pessoas. Mas estou a divergir do assunto já que o Hegel H190 já não se pode considerar acessível. O que o H190 oferece, tal como os “irmãos mais novos” H95 e H120, um conceito tudo-em-um muito interessante e contemporâneo a que muitas outras marcas também aderiram. Nunca fui grande defensor de juntar muitas funções numa só caixa mas atualmente o streaming, DAC e amplificação conseguem criar uma oferta de valor muitíssimo boa, e por vezes até ideal. Ou seja, comprar o streamer/DAC separado nem sempre garante melhor qualidade.
O H190 conta com uns substanciais 150W por canal mas sem por isso criar um som “abrutalhado”. É capaz de recorte e requinte, suavidade e dinamica ao mesmo tempo. Conseguiu parecer à vontade com tudo o que lhe atirei. Ao ligá-lo ao switch Bonn N8 com cabo ethernet ele foi facilmente detetado pelo Roon Nucleus tornando-se num endpoint e começando logo a receber o sinal de streaming. O H190 respira qualidade de construção. Tudo parece sólido e é bem pesado (19kg!). Não aquece quase nada, o painel OLED é facilmente visível, os botões do painel frontal e do comando são ótimos ao toque e respondem imediatamente. 5 estrelas.
As Monitor Audio Silver S300 da 7ª geração apresentam uma drive RST melhorada, e várias alterações ao nível do crossover. Têm uma menor sensibilidade e uma impedancia mínima um pouco superior e, subjetivamente, parecem-me mais fáceis de amplificar. Tocam lindamente por exemplo com o novo Roksan Attessa e até com o Advance A5, amplificadores bem mais acessíveis do que o H190. Com o H190 temos maior headroom e maior discernimento em passagens musicais mais complicadas. As Silver S300 parecem-me mais rápidas do que a anterior geração, parecem mais desinibidas e mais fieis ao músico. As S300 da anterior geração já eram uma excelentes colunas mas precisavam de amplificação mais cara para se obter delas a prestação excelente. Esteticamente tornaram-se mais equilibradas com os aros em preto em vez de cinza e com a base substancialmente melhorada tanto a nível estético como ao nível da estabilidade.
O conjunto é assim muito impressionante no ritmo e detalhe que transparece. Já não é um sistema propriamente acessível mas, para quem tem um orçamento apertado, o H120 e o H95 são substancialmente mais baratos sacrificando essencialmente na potencia. Ou seja, não tocam tão alto e não têm tanta capacidade de discernimento a volumes altos mas o “som Hegel” está lá na mesma.
Em audição na VilaSound, Som & Imagem.
Especificações
Hegel H190
Conversor: 24Bits 192KHz com AirPlay e UPnP
Potência: 2x 150W a 8ohm; 2x 250W a 4ohm
Entradas: 2x Analógicas; 1x balanceada (XLR); 3x Ótica S/PDIF; 1x USB; 1x Rede RJ45
Saídas: 1x Single Ended Fixa (RCA); 1 x Single Ended Variável (RCA)
Dimensões: 12 x 43 x 41cm (AxLXP). Peso: 19Kg
PVP: 3590€
Monitor Audio Silver S300
Colunas de 3 vias.
Impedancia mínima 4 ohm, nominal 8ohm
Sensibilidade 87.5dB (1W/1m)
Potencia recomendada: 50-200W
Resposta: 31Hz-35kHz (-6dB)
Dimensões: 1000 x 185 x 332 mm (AxLXP). Peso: 19kg/un
PVP: 2145€
Gustavo Rosa
Comentários recentes