Apesar de sempre ter mantido uma mente aberta em relação à alta fidelidade posso admitir que durante algum tempo era ‘anti-streaming’. Através de muita otimização era possível usar um computador como fonte de alta fidelidade com excelente resolução mas ao nível de streaming havia sempre algo que faltava. Para além disso, não sentia que o argumento da superior conveniência do streaming fosse muito válido. Sim, é possível armazenar muito mais música num espaço reduzido mas a catalogação adequada era um pequeno pesadelo e habitualmente acabávamos por ouvir sempre os mesmos artistas e álbuns.
Ao nível da conveniência, tudo mudou após a entrada em cena do Spotify. Depois, o Tidal, que não reduz a resolução dos ficheiros, apresentava a conveniência do streaming e potencial do CD, e até da alta resolução via formato MQA. O Bluesound Node 2i permite um acesso sem soluços nem bugs ao Tidal e uma qualidade bem aceitável, especialmente ligando-lhe um DAC de melhor qualidade. Tem sido umas das fontes audio mais usadas na loja para demonstrações. Para obter a qualidade máxima, recorria sempre ainda assim ao CD e ao vinilo.
Um cliente e amigo, profissional na gestão de redes informáticas, sugeriu que o Bluesound, e qualquer equipamento audio que receba sinal via cabo ethernet, deveria ter um switch de rede imediatamente antes, com um cabo ethernet curto de boa qualidade. Segundo ele “… os pacotes vão sempre com a informação no header da cadencia correta com o qual toda a info deverá ser recompilada. (…) o switch que está a montante do end point vai-te reconstruir todo o sinal”. Ao testar com um switch TP-Link 5 portas notei que de facto se consegue melhorar significativamente a qualidade audio do Bluesound a tocar Tidal.
Entra em cena o ‘switch audiófilo’ Silent Angel Bonn N8. Comparativamente aos switches informáticos (e mais baratos), o Bonn N8 conta com uma fonte de alimentação e clock interno melhores, caixa de alumínio, material absorvedor the ruído EMI e filtragem. Testei o Bonn N8 com algum cepticismo pois aquilo que eles sugeriam (colocar o switch a montante do streamer), eu já fazia com o TPLink. Quão melhor poderia o Bonn N8 reconstruir o sinal? Será audível?
Bem audível. Sem ele a música perde ritmo e entusiasmo, um pouco menos de corpo e ‘pancada’. Depois de testar uma vez já não saiu da nossa sala de audições.
Será o conjunto Bluesound Node 2i + Silent Angel Bonn N8 + Denafrips Pontus a melhor fonte de streaming possível? Bem… Não.
Uma das coisas que me faz defender o Bluesound é a qualidade do software, rápido, intuitivo e bug free. O streaming tem de ser fácil e não irritante :)
Não existem muitas empresas no mundo a apostar tão fortemente no desenvolvimento do software como a Bluesound e … a Roon Labs. O software da Roon é ainda melhor, com melhor visualização do catálogo musical, maiores possibilidades ao nível da interação com a informação dos artistas e compras online. Já tinha experimentado o Roon ao nível do software e considerei de facto superior ao Bluesound (e também com outro preço). A Roon desenvolveu também o hardware optimizado para correr o seu software na forma do Roon Nucleus. O conceito é um pouco diferente do Node 2i. Trata-se de algo mais semelhante a um computador do que a um equipamento audio. Permite instalar um disco interno, aceder a música partilhada na rede doméstica e aceder a serviços de streaming de forma integrada e altamente personalizada, mas intuitiva.
Tal como o Bluesound, o Nucleus é extremamente fácil de instalar, bastando ligar à rede de internet doméstica e instalar a app no telemóvel ou tablet. A ligação ao Denafrips Pontus é feita via USB (Audioquest Carbon USB) enquanto que no Bluesound é feita via cabo ótico (QED Reference). Com o Nucleus a diferença na qualidade da reprodução musical é bem audível. É… digamos, macroscópica, ou seja, não é subtil. A música tem outra autoridade, o grave é mais profundo e mais impactante. Ouvindo Dire Straits – Six Blade Knife, apercebemo-nos logo desde os primeiros segundos que a música tem outro ritmo tornando-se quase impossível não bater o pé.
Comparando o conjunto Nucleus + Pontus com o leitor de CD Cambridge CXC + Pontus (cabo coaxial digital Audioquest Carbon) constato, pela primeira vez, que o streaming (a ler ficheiros 16bit/44KHz do Tidal!) apresenta melhor qualidade de som do que o CD.
Por fim, tive a oportunidade de testar o Esoteric K07X a fazer transporte de sinal digital do CD para o Denafrips Pontus e aqui ainda foi possível ultrapassar o Nucleus. O CD ainda tem uma palavra a dizer, quando temos acesso a equipamento de leitura high-end.
Conclusão
O streaming já veio para ficar há muito tempo, especialmente através de serviços de subscrição como o Spotify, Tidal e Qobuz. Assistimos a uma evolução grande ao nível de hardware e software que nos permite agora usar os serviços de streaming e tirar partido da sua conveniência, não só com alta fidelidade e como, em alguns contextos, com melhor qualidade do que anteriormente registado com leitores de CD ou PC-Audio-USB. Para isso recomendo a aquisição de um switch the rede de boa qualidade, no mínimo um TP-Link, idealmente o Bonn N8 (ou o SOTM sNH 10G – novidades para breve).
Preços de venda a público dos equipamentos (IVA incl):
Bluesound Node 2i: 569€
Roon Nucleus: 1725€
Roon Nucleus+: 2950€
Licença vitalícia Roon: 699USD
Licença anual Roon: 119USD
Silent Angel Bonn N8: 395€
SOTM sNH 10G: 960€
SOTM sNH 10G (+clock +extras): 2016€
Denafrips Pontus: 1860€
Esoteric K07X: 6800€
Gustavo Rosa
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